José Sócrates na RTP
Ontem, muitos terão, como eu assitido, à entrevista do Primeiro Ministro na RTP 1.
Mais do que aqui me referir aos conteúdos da Governação, é importante aqui reflectir sobre algumas temáticas que pautaram ontem a referida entrevista e que tocam as áreas da comunicação.
1ª Os jornalistas - os dois jornalistas que ontem lideraram a entrevista, profissionais do mais alto calibre e reconhecida competência, no desempenho das suas funções muitas vezes caíram no erro de quererem perguntar tudo, de forma inquisitória e na tentativa de criar algum sensacionalismo em temas tão quentes como os da Universidade Independente, a mobilidade dos quadros da função pública ou as taxas de crescimento da economia. Acima de tudo ontem a função daqueles jornalistas era conduzir a entrevista de forma a que o Primeiro Ministro pudesse esclarecer o país sobre os 2 anos de governação (era esse o móbil da sessão). Mas não. Tentaram sim criar entropias e muitas vezes provocar o entrevistado, que sempre soube contornar essas "provocações" com mestria de comunicador.
2ª As polémicas e a Reacção da Oposição - se bem que o tema de ontem era o balanço de 2 anos de governo, o que todos queriam saber era a posição do Primeiro Ministro sobre a polémica da sua licenciatura e de tudo o que roda à volta da Universidade Independente, um caso que descredibiliza o ensino superior. Era esse o verdadeiro tema que os OCS queriam explorar (aliás como foi assumido no dia anterior no debate da Sic Noticias sobre esta questão, pelos jornalistas presentes - Público, Expresso, RR e DN). O que está em causa, mais do que saber se o Engº Sócrates ia ou não às aulas (às do MBA foi a todas e fez todos os exames e trabalhos - atesto isto porque fui colega dele de turma do ISCTE do MBA 03-04) é saber se ele tem ou não desempenhado um bom lugar de chefe máximo do país. Claro que se tem de esclarecer a questão da Universidade Independente, mas o foco não é se o Primeiro Ministro fez 4 ou 5 cadeiras, mas sim se o método pedagógico da Universidade Independente é ou não capaz de formar pessoas. Essa é a questão.
Quanto à oposição e às reacções imediatas à entrevista, provou-se que o que interessava era a questão da Licenciatura e não os dados do país em termos gerais, bem mais importantes para os Portugueses. Também aqui a oposição falhou e perdeu pontos, pois deu todo o destaque à Universidade e à Licenciatura do Primeiro Ministro em detrimento de coisas bem mais tangíveis como a inflação, o crescimento económico, o desemprego, a saúde, etc.
3º A Performance do Entrevistado - Mais do que um Primeiro Ministro, o Engº Sócrates é um comunicador. Essa é a sua função. Comunicar com quem lhe deu o voto para desempenhar a função de líder do país. Diria que do ponto de vista técnico se encontrava muitissimo bem preparado e que desempenhou uma função de comunicador claro e objectivo. Tanto ele como a sua equipe de comunicação e assessoria de imagem trabalharam bem e lidaram bem com assuntos tão quentes como os que foram ali relatados.
NOTA: Não está neste Post a ser analisado se a entrevista foi boa ou má. Se o governo está a fazer bem ou mal a gestão do país. Apenas está em discussão o facto de muitas vezes se dar mais importância a assuntos que, embora importantes, não se devem sobrepor ao de interesse nacional dos Portugueses e principalmente uma reflexão sobre a temática da relação com OCS e a gestão da informação e noticia.
1 Comments:
Acho que o professor tem toda a razão em todo o seu discurso, no entanto, de acordo com o que tenho visto, o que realmente me faz confusão são estes parcialismos em que como se trata de um "sr. engenheiro",pois a lei já não o penaliza de igual forma como faz a um cidadão "normal"...quer dizer isto é um país de favorecidos e que só tem sucesso na sua vida quem tiver "status e cunhas".
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