Os Gurus da Nossa Terra
Inicio este artigo recuperando um tema escrito em algumas publicações há uns anos e que denominei de “Gurus da Nossa Terra” numa clara alusão ao facto de ainda hoje muitas serem as empresas que relegam para segundo plano as funções Marketing e Comunicação. Constato alguns anos mais tarde que esta tendência se tem vindo a esbater, mas ainda não da forma como todos gostaríamos. Ainda hoje temos determinados “pára-quedistas” a gerir e decidir questões de somenos importância como estas daquilo a que chamam Marketing e Comunicação. Por isso entendo que este artigo continua actual, embora alvo de pequenas correcções, normais, cinco anos depois de ter sido escrita a “primeira edição”.
Cada vez que entramos em mais um ano (civil, lectivo, fiscal,..), muitas são as expectativas e esperanças da recuperação e na melhoria do tecido empresarial português, potenciada por uma maior competitividade, qualidade de serviço, inovação constante e orientação para o cliente. Acima de tudo orientação para o cliente e satisfação das suas necessidades, algo muito ventilado nas salas de aula das Universidades, mas deveras arredado de algum pensamento mais pragmático da gestão dos processos de Marketing, tantas são as vezes que políticas de satisfação de clientes não passam de dossiers regularmente votados ao abandono no topo ou na base de algumas secretárias.
Espera-se que a verdadeira visão empresarial, mas de Marketing principalmente, seja olhada como uma mais-valia para o país e por conseguinte para as empresas e que essa seja aplicada de forma eficiente, eficaz e diferenciadora, para poder elevar a imagem das nossas organizações ainda mais alto. E tão baixo que elas ainda andam.
Não que seja inédita essa situação, pois cada vez mais temos exemplos claros de sucesso empresarial. Mas esse sucesso não depende apenas das marés, ventos ou tempestades. Depende dos “timoneiros e tripulação destes barcos” que têm a visão e capacidade, quiçá coragem, para fugir ao traçado cinzento da rota e descobrir novas, melhores e mais rentáveis formas de levar “o barco a bom porto” muitas vezes contrariando o “capitão magno da embarcação”.
Exemplos não faltam e cada um no seu tempo e sua área. Desde os Descobrimentos até agora, muitos são os exemplos de sucesso comprovado em todas as áreas de actividade. Mas como entender e qualificar a performance destes “iluminados”?
Podemos elevar cada um destes elementos à categoria de Guru! Não são apenas os brilhantes cérebros e estudiosos que investigam e desenvolvem tendências, conceitos e novas formas de olhar as empresas que o são. Esses dão o pontapé de saída para que outros as implementem, os seguidores que serão um dia elevados a esta mesma categoria. E ao pensar nos sucessos portugueses, desde sempre podemos ilustrá-los com inúmeros exemplos dos chamados Gurus da nossa terra.
Mas se a Lei de Pareto é válida para as empresas (20% dos clientes é responsável por 80% das vendas/facturação) ela ainda é mais válida para a relação de existência entre os Gurus e os outros. Diria mesmo que se deturpa um pouco.
Para cada 10% de Gurus existem sempre 90% de Cangurus!
Elementos que saltitam de opinião em opinião, que pulam de discurso em discurso, de decisão em decisão. Ou mesmo não se pronunciam de nenhuma forma. Tudo para não comprometer a sua imagem e não destapar a incompetência que encerram, fruto da inoperância que representam.
O grave é que a clonagem de Cangurus é mais rápida que a de Gurus, sempre em minoria. Até nas mais altas esferas empresariais essa situação está bem patente. E com o avanço da tecnologia a clonagem tem tendência a acelerar nas duas vertentes. Só que os cangurus vão à frente.
Que fazer para evitar a propagação deste “vírus”? Não basta identificar. Isso está feito há largos anos. Há que extinguir esta espécie que atrapalha as empresas recorrendo à constante formação, responsabilização, adequação dos perfis às funções, etc, para deixar os originais Cangurus Australianos continuarem a fazer a delícia dos miúdos no Jardim Zoológico.
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