domingo, janeiro 15, 2006

O que Faço na Marketeer - Reflexão de Função


Ser responsável pela Direcção de Marketing da Multipublicações, empresa detentora Marketeer tem sido um constante desafio e uma descoberta fantástica em termos de aprendizagem e motivação.

Isto porque, quem vem do mundo das agências de publicidade (por onde andei quase 8 anos) vem muitas vezes formatado apenas pelas áreas da comunicação, esquecendo um pouco as outras áreas relacionadas. E embora uma revista como a Marketeer tenha um grande suporte de comunicação institucional e relacional, o marketing diário que é fundamental à sobrevivência de qualquer empresa (esta não é excepção) veio dar uma maior abrangência às minhas funções.

Fazem parte das minhas funções, sempre em articulação com a Direcção Editorial, a Administração e a Direcção Comercial e Publicidade, o desenvolvimento das estratégias de visibilidade da revista, a colaboração na realização de projectos especiais, a gestão de parcerias operacionais, permutas e novos modelos de negócio, para além da contribuição para os resultados comerciais da revista. Porque um Director de Marketing também tem de ter obrigações comerciais.

E o meu dia é ocupado entre as aulas que lecciono nas Universidades onde sou docente (titular ou convidado), as palestras e seminários, as sessões de formação, os projectos de consultoria em empresas e agências, suas apresentações e a Gestão de Marketing da Marca. E em todos os projectos em que estou envolvido (académicos e profissionais) a Marketeer é parte activa, o que representa uma responsabilidade acrescida, pois ser um pouco o “embaixador” da marca para diversos públicos lançando e integrando projectos, assumindo a ponte entre empresas, universidades e a Revista requer uma constante adaptação à envolvente. Diria que nunca há rotina e que cada dia que passa é necessário pensar em algo novo, mas consistente com a estratégia que traçámos para a revista.

A minha ligação com a Marketeer começou em 1997, quando o seu director, na altura (José Caria) meu aluno, me desafiou a escrever um artigo de opinião sobre Marcas. Falei de um projecto que conheci de perto que foi o lançamento de uma marca ligada à Expo 98 – o Aroma dos Oceanos. Daí para cá continuei regularmente a colaborar com a revista, que comprava desde o primeiro número, em Janeiro de 1996, quando ainda estudava no INP. Em Setembro de 2003 (e inesperadamente) o Dr. Ricardo Florêncio convida-me para a equipa da revista com uma função específica: contribuir para a gestão da imagem de marca e potenciar a Marketeer em três áreas: visibilidade no mercado; fidelização e angariação de leitores e desenvolvimento de projectos especiais. Foi o início de uma nova fase: para mim e para a Marketeer.

Integrei a Multipublicações numa altura de evolução da revista e remodelação pois era (e é) objectivo crescer nas 3 áreas de negócio: vendas em banca, investimento publicitário, assinaturas. Temos, com as dificuldades que o mercado apresenta, conseguido manter o pedido de crescimento nestas áreas em números interessantes e que a confidencialidade me impede de revelar, mas temos crescido acima do mercado. Isto porque a credibilidade conquistada em termos de marca, a independência editorial e o desenvolvimento de acções inovadoras (já copiadas por grandes grupos a operar no mercado ao nível de temas, apoios, permutas e patrocínios) têm sido alavancas do desenvolvimento da revista, ao qual não é alheia a fantástica equipa Editorial e Marketing/Comercial que coexiste edição após edição.

O grande desafio diário nesta função passa por, em conjunto com o Director de Publicidade e a Directora de Contas (mais ligados à relação com anunciantes e agências de meios), lidar com a dificuldade que é não sermos tidos em conta nas amostras dos estudos da Marketest (que como se sabe retira dos seus estudos os profissionais ligados ao Marketing e Comunicação – o nosso leitor) o que impossibilita um planeamento e avaliação quantitativa dos planos de meios que são, erradamente muitas vezes, apenas feitos com base nos OTS, Coberturas e GRP’s. E isso tem um impacto grande nos resultados comerciais, pois muitos anunciantes avaliam apenas pela base quantitativa e muitas vezes a qualitativa tem bastante relevância. Como resolver esta questão, que tantas vezes é abordada no seio dos suportes desta área? É a pergunta que colocamos todos os dias. A resposta? Ainda não a encontrei. Talvez os meus colegas ao lerem este relato de experiência me possam ajudar!

No entanto, como o mercado Português é parco em leitura há que reinventar o negócio. Suplementos temáticos (com um cariz pedagógico e prático que potencia relações empresariais entre a Marketeer, os Parceiros e os Anunciantes), a Livraria do Leitor, o apoio a Seminários, Conferências e Congressos com especial destaque para a presença na Semana Nacional do Marketing acrescido das permutas (Meios e Publicidade, Mens Health, GestWash, Hotel D Pedro, Fujitsu, Bairro Alto, BrindeStorm e Stormy Events, One-to-One, Fluxograma entre outros) e o desenvolvimento de campanhas de comunicação, permitem dotar este projecto de uma visibilidade e um retorno de investimento pelo crescimento que nos permite olhar com optimismo para o futuro.

O mês de Maio foi muito importante para nós, não só pela mudança gráfica, de formato e evolução editorial como pelo facto de termos publicado dois suplementos temáticos (Marketing Farmacêutico com a FLOAT e CRM II com a One-to-One) e termos colocado on line o sítio
http://www.marketeer.pt/ onde o motor de busca de artigos e temas é o expoente máximo. Neste momento, podemos consultar 9 anos de marketeer’s em termos de temas com um simples click.

Começámos aqui uma nova fase da revista: a da continuidade do crescimento. Não podemos ser criticados por sermos ambiciosos mas queremos mais. Mais e melhor pois sabemos que o produto editorial que temos é garante de qualidade e relevância para o profissional e para o estudante.

O projecto é ganhador e independente. É arrojado mas consciente. È desafiador mas gratificante.

Tenho aprendido mais do que ensinado, pois todos os dias novas coisas sucedem. Não pensemos que são tudo rosas. Existem muitos espinhos, dificuldades, divergências de opinião. Mas só assim podemos ambicionar mais em termos de marca. E a marca tem um activo bastante valioso: não só o nome (maketeer) e a notoriedade que já possui depois de 9 anos no mercado, mas a constante actualização dos temas tratados, o facto de 80% dos conteúdos ser de desenvolvimento local (ao contrário dos nossos concorrentes que adaptam e traduzem mais de 50% dos conteúdos, com o desfasamento cultural óbvio), o dinamismo, a inovação editorial e a independência, que significa flexibilidade de actuação e velocidade de adaptação, a equipa e os parceiros, clientes, anunciantes, leitores e agências, são valores que me motivam diariamente a olhar para esta marca como um Case Study.

Por fim, a relação de trabalho, as pessoas da empresa (Administração, Jornalistas, Equipe Comercial e Marketing, Equipes de Apoio) e a alegria que diariamente pomos em tudo o que fazemos (mesmo quando às vezes os objectivos ainda estão por realizar) faz com que seja motivador e reconfortante viver esta marca todos os dias e contribuir para que o nome Marketeer seja cada vez mais uma marca incontornável do Marketing que se faz em Portugal.

E fazer parte deste projecto que acompanhei desde que nasceu, por diversos motivos e em diversas funções, é uma experiência única no marketing, pois tenho a responsabilidade do marketing do marketing português.


Publicado em Junho de 2005 na RevPress/Meios e Publicidade