domingo, julho 13, 2008

A realidade enquadrada.


Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer. Eis que o sujeito desce na estação do metro, vestindo jeans, camiseta e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora de ponta matinal. Mesmo assim, durante os 45 minutos que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes. Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares. Três dias antes Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares.
A experiência, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino. A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte. A conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto. Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefacto de luxo sem etiqueta de grife. Esse é um exemplo daquelas tantas situações que acontecem em nossas vidas que são únicas, singulares, e a que não damos a menor bola porque não vêm com a etiqueta de seu preço.

O que tem valor real para nós, independentemente de marcas, preços e grifes? É o que o mercado diz que você deve ter, sentir, vestir ou ser? Essa experiência mostra como na sociedade em que vivemos os nossos sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados pelo mercado, pelos mídia, e pelas instituições que detém o poder financeiro. Mostra-nos como estamos condicionados a nos mover quando estamos no meio do rebanho.

1 Comments:

Blogger Maria Spínola said...

Viva Luís,

Excelente post sobre a influência do enquadramento.

Aproveito para fazer referência aqui ao artigo "How Effective Framing Can Make Your Message More Persuasive" no qual é abordado tambén a influência do enquadramento, mas num contexto mais "micro":

"Imagine that you are Doc, a well-respected medical practitioner and the unofficial leader of a group of seven close friends. Suppose that one of your friends never covers his nose or mouth when he sneezes, and that another of your friends is afraid of catching his germs, but is too Bashful to confront the sneezer directly with his concerns. Considering your medical background, you are motivated to persuade the sneezer to curb his microbe-disseminating behavior. But how? Would you stress to Sneezy the positive aspects of those who cover their faces when they sneeze, or would you emphasize the negative aspects of those don’t?"

A resposta está em: http://www.insideinfluence.com/current/article_july.html

Muito Obrigada, e podem contar comigo no que eu lhes puder ser útil,
Maria Spínola
http://www.crescimentoempresas.com

2:00 da tarde  

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