Solução para a crise? Formação
É já um lugar comum falar-se na competitividade dos mercados, nas mudanças ininterruptas a que se assiste diariamente, na agressividade concorrencial, na dificuldade de fidelização de clientes, etc., etc., etc. para as más performances empresariais. Arranjam-se diariamente 1001 argumentos para justificar dentro das empresas situações de perda de produtividade, de redução de eficácia, de queda de vendas.
Muitas vezes colocam-se em factores externos as culpas das más performances empresariais. Outras vezes estas recaiem na incapacidade da empresa, leia-se seus recursos humanos, de conseguirem atingir os objectivos. Tenho, ao longo dos anos, tentado introduzir a consciência, a que também me obriga a profissão de professor universitário, nas várias empresas por onde tenho passado, que o maior trunfo que podemos ter para enfrentar o mercado reside nos recursos humanos e na sua capacidade de desempenho de funções, mas principalmente na sua capacidade de evolução permanente.
O grande problema das instituições é a cristalização dos seus colaboradores nas funções que desempenham. Essa cristalização passa pela falta de tempo que estes têm para pensar no dia-a-dia, sempre repleto de e-mails, reuniões, reports, forecasts, e demais solicitações operacionais, com a penalização do desenvolvimento estratégico e, mais grave, da capacidade de acompanhar as tendências do mercado e do mundo. Quantos de nós estão up to date com o que de mais moderno acontece nos nossos mercados? Quanto de nós temos novos conceitos e novas abordagens? Quantos de nós fizeram formação no último ano? Quantas horas? Que temas?
Aí está o problema. Muitas vezes não encaramos a formação contínua, on the job, à distância, a auto formação, etc., como formas de valorizarmos o nosso conhecimento, a nossa performance e a nossa capacidade de nos adaptarmos às novas exigências dos mercados.
Em todos os mercados a formação contínua assume particular relevância quando enfrentamos maiores desafios. Só com formação contínua podemos encetar novas metas e assumirmo-nos como quadros capazes de guindar as nossas empresas para patamares de sucesso superiores.
A licenciatura é cada vez mais insuficiente. Bolonha, que consagra a redução das licenciaturas para apenas 3 anos, faz com que o futuro seja o da capacidade de nos constantemente adaptar-mos às tendências, com a imposição de nos especializarmos. E isso não se consegue com uma licenciatura. Consegue-se com formação contínua. Quem não estuda há 3 anos está obsoleto, ultrapassado e prestes a ser substituído por alguém com formação mais actualizada, com mais energia e mais barato. Cuidado! O nosso ciclo de vida reduz-se a uma velocidade que nem imaginamos.
Uma das maiores tendências mundiais passa pela disseminação da oferta, pela inimaginável proliferação da informação, dos temas, dos conceitos, impossíveis de dominar na sua plenitude. Resta-nos a especialização. E para ela ser atingida há que manter um elevado ritmo de formação.
O ideal é sermos especialistas na generalidade e nascermos ensinados. Mas as galinhas ainda não nascem com dentes…
2 Comments:
Mais do que nunca isto é verdade. Numa altura em que tanto se fala de reciclagem, o maior movimento que podemops levar a cabo a este nível, é o da reciclagem de conhecimentos, fazendo os possíveis para nos mantermos actualizados seja a que nível for a fim de manter a frescura de espírito que nos permite ter novas ideias e novas abordagens tanto aos problemas de sempre como a novos que possam surgir. Este post é um muito bom retrato da realidade actual.
Excelente post. Faço minhas as tuas letras.
Maria Teresa Loureiro
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