Pobre Nobreza
A (des)mornarquia
Assim que soube que ia passar no terceiro canal da televisão nacional (no passado dia 27 de Abril) uma reportagem alargada sobre este tema, decidi que seria interessante visionar o que resta da aristocracia portuguesa nos tempos que correm.
Fiquei deveras impressionado com a ilustração dada pelos "ilustres" (pleonasmo propositado) duques, condes e condessas deste Portugal.
Pensei que estava a viver uma realidade virtual. Não acreditei no que vi e ouvi. Pensei que estivéssemos melhor representados do que estamos e que estaríamos em presença de personalidades de alto nível. Enganei-me.
Para que tal fosse verdade seria necessário que os duques tivessem outras preocupações sem ser as de limarem as unhas, jogarem bridge, fazerem colares, visitas guiadas a museus, plantações de "sei lá o quê" ou turismo rural vazio e cortarem o cabelo de forma tão duvidosa que se não fosse o título de varão que surgia em rodapé por baixo de cada imagem passada pensaria que se trataria de uma figura esquisita da sociedade.
Seria acima de tudo muito importante que aproveitassem as rendas que conseguem retirar das visitas guiadas aos seus palacetes e dos snacks que lá vendem para terem umas aulinhas de Português, que a universidade dos EUA em Paris, não foi capaz de ensinar enquanto frequentaram o curso de: "como casar com um príncipe em 30 dias". Sim, porque dizer que a árvore geneológica tem figuras "ilustradíssimas" (não será antes ilustríssimas?), ou referir que Itália é uma monarquia (?! - não sabia o Berlusconi Conde. Apenas o via como Padrinho) diz muito da realidade em que estes senhores vivem.
É de facto uma pena que de nobres e belas propriedades outrora grandes e luxuosos palacetes restem apenas as recordações, ou só mesmo a imaginação capaz de os remeter para esses tempos.
Agora, restam os dias do croquete em que se vai trabalhando para encher o físico, pois em casa o “t€mpo” é escasso e a ementa pouco varia. Mas a ostentação que carregam nas veias fá-los continuar com o seu ar altivo e a barba do século passado, cortada a rigor como nessa época, na tentativa de nos fazerem pensar… Afinal ele é um nobre!
Pena que as caganças não encham algibeiras nem tão pouco façam as pessoas felizes.
Assisti a uma peça televisiva que não dignifica a nobreza. Ou então que apenas se limitou a retratar a triste realidade de pessoas que simplesmente vivem num Mundo de sonho e ilusão na esperança tardia de que um dia D. Sebastião regresse no meio da neblina carregando consigo tudo aquilo que um dia ser Nobre significou, mas que sem dúvida, hoje, pelo menos em Portugal, não significa mais…
As veias por onde o Sangue azul corria, agora secaram. O que se conseguiu em tempos retirar está agora derramado num misto estranho de gentes e culturas que da nobreza do nosso belo país só herdaram o título e o sobrenome. Uma pena. Mesmo!
E viva o Rei! Que decerto não é, nem nunca será o pobre Duque de Bragança!